sábado, 20 de setembro de 2014

Max Weber (1864 - 1920), Alemanha

Grande parte de suas reflexões provêm de uma longa análise e observação da sociedade moderna e capitalista, e especialmente daquilo que ele denomina como processo de racionalização.  “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, uma de suas mais importantes obras, versa sobre sociologia da religião e gera respaldo para inúmeros pensadores que posteriormente lançaram seus olhares sobre essa temática. Nesta obra ele lança sua hipótese de que a religião teria sido uma das razões para que a cultura oriental e ocidental tenham se desenvolvido de formas tão diversas, e ainda ressalta  inúmeras características especificas e inerentes ao protestantismo que teriam sido cruciais para a gênese do capitalismo  e dos moldes da sociedade ocidental.
Após a década de 1910, Weber amplia seus estudos na área de sociologia religiosa, mostrando mais uma vez fortes questões de cunho social, aprofundando-se então em religiões de caráter universal analisando em profundidade o confucionismo, taoísmo, hinduísmo, budismo,  islamismo, judaísmo buscando abranger os maiores sistemas religiosos da humanidade.
Para Weber, as concepções religiosas eram cruciais e originárias das sociedades humanas, pois o homem, como tal, sempre esteve à procura de sentido e de significado para a sua existência; não simplesmente de ajustamento emocional, mas de segurança cognitiva ao enfrentar problemas de sofrimento e morte. Procura-se na religião signos de transcendência e de esperança. Assim, Weber estava preocupado em destacar a integração racional dos sistemas religiosos mundiais e não apenas o calvinista como resposta aos problemas básicos da condição humana: “contingência, impotência e escassez”.
Weber mostra que as religiões, ao criar respostas a tais problemas – respostas que se tornam parte da cultura estabelecida e das estruturas institucionais de uma sociedade –, influem de maneira mais íntima nas atitudes práticas dos homens com relação às várias actividades da vida diária. Com isto, Weber considerava que, ao problema humano do sentido e significação existencial, a religião, de maneira eficaz, oferecia uma resposta final. Por conseguinte, como já afirmamos, ela torna-se, pela forma institucional que assume, um factor causal na determinação da acção. No caso específico do protestantismo, a sua força é vista como indispensável (mas não a única) para o surgimento do fenómeno da modernidade ocidental, com seus valores inerentes de individualismo, liberdade, democracia, progresso, entre outros.
Portanto, segundo a teoria de Weber, religião é uma das fontes causadoras de mudanças sociais. Para ele, o processo de racionalização religiosa ou de “desencantamento do mundo” culminou no calvinismo do século XVII e em muitos outros movimentos, chamados por ele de “seitas”. Desse momento em diante, procurou-se assegurar a salvação (temporal e eterna) não por meio de ritos, ou por uma fuga mística do mundo ou por uma ascética transcendente, mas acreditando-se no mundo pelo trabalho, pela profissão, pela inserção.
Portanto, segundo Weber, o capitalismo é definido pela existência de empresas cujo objectivo é produzir o maior lucro possível e cujo meio é a organização racional do trabalho e da produção. É a união do desejo de lucro e da disciplina racional que constitui historicamente o traço singular do capitalismo ocidental. Weber quis demonstrar que a conduta dos homens nas diversas sociedades só pode ser compreendida dentro do quadro da concepção geral que esses homens têm da existência. 
Os dogmas religiosos e sua interpretação são partes integrantes dessa visão do mundo; é preciso entendê-los para compreender a conduta dos indivíduos e dos grupos, nomeadamente o seu comportamento económico. Por outro lado, Weber quis provar que as concepções religiosas são, efectivamente, um determinante da conduta económica e, em consequência, uma das causas das transformações económicas das sociedades. Dessa forma, o capitalismo estaria motivado e animado por uma visão de mundo específica de um tipo de protestantismo que na sua acção social favoreceu a formação do regime capitalista.
Max Weber em grande parte de sua vida acadêmica esteve responsável por ministrar disciplinas ligadas a área da economia.  Desse modo acabou por desenvolver diversos trabalhos na área da sociologia econômica, onde inicialmente pode-se ler o capitalismo como fenômeno da era moderna e posteriormente, o próprio autor passa a concebê-lo como um fenômeno referente ao processo de racionalização da cultura e da sociedade.
É valido ainda ressaltar a importância de seus muitos trabalhos na área de sociologia política, dentre os quais podemos destacar sua teoria dos tipos de dominação onde busca compreender as formas através das quais torna-se possível a submissão e a dominação de determinado grupo frente a outro, podendo acontecer devido  a diferentes motivos, como a tradição por exemplo. Ele ainda analisa esses tipos de dominação definindo os conforme sua legitimidade que os subdivide entre legal, tradicional e carismática.
ps:Vale ressaltar ainda que sua figura foi de extrema importância  no cenário político alemão de sua geração,  havendo sido consultor dos negociadores alemães do tratado de Versalhes e também da comissão encarregada de redigir a constituição de Weimar.

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